Viajávamos com nosso pai, estávamos em uma aventura daquelas que fazem você ficar ansioso e te deixa aflito antes do dia chegar. Eu, meu irmão, meu pai e um Furglaine (é um tipo de van que tem cama, energia elétrica e ar-condicionado). Fomos a um rio em Goiás que se chama "Rio Paranã" onde passávamos o dia pescando e boa parte da noite em um barco sob a luz da lua e o resto da madrugada em uma barraca.
Nosso pai fazia o almoço perto da barraca, enquanto eu e meu irmão pescávamos peixes pequenos para servirem de isca a noite. Com nossas Coca-colas e um celular que tocava Red Hot Chilli Peppers baixinho. Meu irmão colocou a vara dele no descanso, e poucos milésimos de segundos depois de começar a música "Can't Stop", a vara dele foi puxada para dentro do rio. Ele me olhou com aquela carinha fofa de: F-U-D-E-U...
A vara ficou com a parte de trás boiando e era possível ver que estava sendo puxada por um peixe, pois ia cada vez mais para longe do barranco. Coloquei o celular no bolso, aumentei a música e fomos correndo para o barco, mandei meu irmão entrar enquanto desamarrava a corda que o prendia na margem, pulei com os dois pés na proa fazendo-o se soltar da terra instantaneamente se adentrando no rio, meu irmão me passou o remo, remei na parte da frente e ele atrás até chegarmos rapidamente e com muito esforço perto da vara com o peixe maldito.
O barco se direcionava a outra margem muito rápido e o impacto seria forte. Mandei meu irmão se posicionar do lado direito, pois teria somente uma chance de pegar a vara, que estava no meio das galhadas da margem. Quando ele botou a mão na vara, faltava pouco para o impacto e eu coloquei o remo com força na parede de terra empurrando o barco para trás, me arranhei muito nos galhos das árvores. Porém, ao puxar a vara, sua força contra a do peixe fizeram com que o revestimento de pano no lugar onde se prende a linha se soltasse. O anzol, a linha, a chumbada e principalmente o peixe tinham ido embora.
O maldito peixe conseguiu escapar, mas ganhou um piercing pela peripécia. Ficamos um pouco decepcionados, é claro, mas toda aquela aventura nos mostrou o quanto nós estamos conectados comunicativamente, agindo como se fossemos um só. Voltamos ao acampamento e terminamos de tomar nossa Coca-Cola...
Uma história para contar aos nossos filhos...
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